O que te trouxe até aqui?
- Bruna Fang
- 28 de ago. de 2024
- 5 min de leitura
Não tenho como ouvir sua resposta, mas sei que há algum incômodo e que você quer fazer algo diferente. Pode ser que você tenha passado por tantas experiências desafiadoras em relacionamentos passados que as marcas te machucam até hoje, só de lembrar. Agora, mesmo em outro contexto, novas oportunidades apareceram, mas suas defesas e bloqueios te confundem, tirando a sua capacidade de lembrar o que você realmente deseja num relacionamento. Hoje inicia a nossa jornada e começaremos investigando o que você realmente deseja ao que lerá a seguir.
Já reparou que, mesmo quando temos ideias muito empolgantes, muitas vezes repensamos se vale a pena seguir em frente porque parece “loucura”? Há uma expectativa de sermos "normais" na nossa sociedade, e qualquer coisa que saia do padrão causa desconforto. Para evitar esse desconforto, seguimos regras e normas aceitas pela maioria das pessoas ao nosso redor. Ao mesmo tempo, essa mesma sociedade nos incentiva a alcançar um sucesso que só é atingido se fizermos algo que se destaca, saindo da zona da normalidade.
Contraditório, não?
Isso cria um grande dilema: como fazer algo extraordinário sem chances de errar? Essa pergunta é tão ilusória quanto “como comer tudo o que eu quero sem engordar?”. Essas contradições podem nos levar a verdadeiros transtornos na vida.
A verdade é que, uma vez que você se destaca, torna-se difícil manter esse destaque sempre de maneira positiva. O erro é inevitável num processo autêntico de evolução. É como aquele ditado: "só erra quem tenta". Hoje, quero trazer esse mesmo conceito para o lado emocional: só se conhece de verdade quem se permite sentir de verdade.
O amor, diferente do prazer, não floresce somente na alegria, mas na expressão genuína de ser. E ser de verdade inclui a dor, o medo, a raiva e a tristeza - todas essas emoções que tentamos tanto abafar para evitar a anormalidade. Com isso, se torna desafiador cultivar o amor próprio quando não aceitamos o que sai genuinamente de dentro de nós.
Tememos tanto certas experiências que associamos à loucura, que, na busca de parecer estar vivendo de maneira correta, acabamos não vivendo de fato. Ao nos proteger excessivamente e tentar enquadrar nossas emoções em um molde restrito, perdemos a oportunidade de nos conhecer plenamente e de viver experiências genuínas.
A disposição para sentir as diversas emoções que a vida real nos proporciona é o que determina a nossa capacidade de vivenciar os processos que realmente desejamos. A partir de hoje, começaremos a compreender se o que você encontrará aqui é realmente o que você busca. Pode ser que você esteja buscando conquistas que você nem sabe mais se são suas, como casar ou construir uma família com alguém incrível. Então, talvez, eu não te ofereça o que você deseja, pois sabemos que queremos algo quando estamos dispostos a passar pelo processo apesar dos resultados. O que te entregarei aqui se trata desse tipo de aposta: passar por um processo desafiador, com a possibilidade de errar, mas fazer valer a pena. Aqui não te entregarei o produto final; afinal, os aplicativos de encontro já existem para isso, não é mesmo?
Mas o que você quer afinal? Você está passando por tudo isso pra quê?
Acho que, se você chegou até aqui, é porque deseja mudar a maneira como seus relacionamentos são construídos. Mas vale se perguntar: o que você deseja quando busca um relacionamento? Companhia, construir uma família e ter alguém para envelhecer ao seu lado?
Ou o que você deseja é construir relacionamentos que você realmente aprecia?
Parece a mesma coisa, mas não é.
Querer ter um filho é diferente de querer ser mãe/pai. A diferença parece sutil, mas desejar ter um filho é buscar uma conquista quase material, desejar ser mãe é desejar passar por inúmeras experiências específicas, processo cujo fim não determina seu sucesso. Afinal, qual é a entrega final do processo de “ser mãe” que define sucesso? Entregar um filho bem criado aos 18 anos para a sociedade? Tantas pessoas se enganam ao ponto de tornarem suas vidas uma constante competição, dizendo “estou para trás, ainda não casei e ainda não tive filhos” ou “meus filhos não são bem-sucedidos, portanto falhei como mãe”.
Ah, por favor, não subestime o valor da vida!
A vida é com certeza maior que isso, a vida é a experiência entre o nascer e o morrer. Enquanto corremos atrás de conquistas que não definem nada para ninguém, deixamos passar despercebido aquilo que realmente importa: as nossas próprias experiências. Ter um filho é apenas uma pequena parte do vasto processo que é ser mãe/pai. Da mesma forma, casar e constituir família é uma pequena parte do imenso processo que é construir um relacionamento de confiança de longo prazo com alguém amado. Enquanto você olha para o modelo certo de construir resultados padrões, pode ser que esteja abrindo mão dos seus próprios processos. Portanto não te ensinarei a construir um bom relacionamento, te ajudarei a construir relacionamentos que TE fazem bem.
Cada relação é uma obra que você e a outra pessoa constroem em parceria, extraordinária ou não, é uma co-criação sua com uma pessoa que te faz bem. Há chances criação não ser a mais extraordinária? Sim. E sabe o que isso dirá sobre vocês? Nada! A relação de vocês não serve para impressionar ninguém, sua função é maior do que decorar um canto qualquer. O que torna uma obra impressionante não é somente sua beleza, mas o processo que passou dentro do contexto em que foi criada. E, se o processo de co-criar um relacionamento com essa pessoa for delicioso, se te der a oportunidade de se expressar de verdade, se te ajudar a se conhecer e te mudar profundamente, o valor dela não morre em seu próprio fim; o valor dela morre com você, até o seu fim.
Portanto, o processo de construir um relacionamento que te atenda verdadeiramente não começa em achar a pessoa certa, inicia em você aprender mais de você, para aumentar cada vez mais o seu prazer em se expressar. Inicia na compreensão da sua história, daquilo que te trava, daquilo que te move e da maneira como você se molda ou se endurece ao se relacionar com os outros.
Tudo se inicia quando você sente o desejo e a autoconfiança de construir algo que tenha um toque seu, algo unicamente seu.
Você não é obrigado a desejar construir um relacionamento amoroso; na verdade, se você perceber que não sente tanta empolgação ao imaginar-se criando uma relação com outra pessoa, liberte-se dessa condição que você se colocou e reflita se, no fundo, talvez você não não deseja um relacionamento amoroso, mas companhia. Pode ser que você só deseja companhia para alguns momentos quando se sente só, e tá tudo bem. Se você está solteiro e não quer construir um relacionamento amoroso, invista nas suas verdadeiras amizades, busque sua família, se planeje em envelhecer com segurança que será muito menos trabalhoso e valerá muito mais a pena. No entanto, se você sentir isso e você já está comprometido numa relação amorosa, se esforce e permaneça.
Faça valer a pena, saia apenas quando tiver certeza que deu o melhor de si.
Pode ser que a minha fala tenha te despertado um desejo voltado à outra área, como mudar sua carreira ou iniciar algo que deseja há tempos. Busque isso, vá sem medo. Esse processo não se trata apenas de construir uma relação amorosa, se trata de te encorajar a expressar cada vez mais a sua história, aqui, especificamente uso os relacionamentos como veículos de expressão.
No entanto, saiba que você já é capaz de protagonizar seus sonhos, estando acompanhado ou não, lembre-se disso. E pra você que ao me ouvir sentiu um grande desejo de passar por todo esse processo que é construir um relacionamento de confiança a longo prazo com outra pessoa, e se você entendeu que o sucesso não está na conquista de bater metas sociais juntos e sim na experiência de co-criarem algo lindo juntos, você chegou no lugar certo.
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